A Origem dos Cobogós
Elemento vazado, bloco vazado, bloco decorativo, aquele bloco que existia na casa da avó, enfim… Quem já não viu uma peça dessas e desconhece a origem do Cobogó, poderia facilmente pensar que este nome possuiria alguma origem indígena. Ou talvez, sabendo que o Cobogó surgiu no Nordeste, mais precisamente em Recife, poderia ainda imaginar que a palavra tivesse origem na cultura africana. Pois não, esses charmosos blocos vazados, que hoje tomam forma a partir dos mais variados materiais, foram inspirados em elementos da arquitetura árabe e assim batizados pelos seus criadores, a partir de suas iniciais: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góes. CO-BO-GÓ.
A inspiração veio do muxarabi (Mashrabiya): elemento da arquitetura árabe, que consiste em treliças de madeira instaladas nas sacadas e janelas das casas, no intuito de permitir a abertura destas sem para tanto, possibilitar que as mulheres fossem vistas da rua. A prática islâmica proíbe a representação artística de qualquer elemento vivo, pois acreditam que a perfeição das formas criadas por Allah não poderiam jamais ser alcançadas pelas mãos humanas, o que resultaria em uma ofensa. Embora não esteja expressamente determinado no Al Corão, ao longo dos séculos, essa prática fez com que eles se especializassem na arte das formas geométricas e dos arabescos, dos quais testemunham não só seus muxarabis, mas também suas casas, mesquitas, jóias e objetos pessoais, de beleza ímpar. E assim como sua fonte de inspiração, o cobogó soube se aproveitar das infinitas combinações geométricas para logo deixar de lado o seu papel funcional e passar a ser parte decorativa da obra.
Originalmente em concreto, o cobogó foi criado e patenteado em 1929, pelo comerciante português Amadeu Oliveira Coimbra, o alemão Ernst August Boeckmann e o engenheiro pernambucano Antônio de Góes. Os três moravam em Recife, no início do século, trabalhavam na construção civil, e a criação foi uma solução para amenizar as condições climáticas no interior das casas nordestinas, e levantar paredes sem vedar a entrada de ar no ambiente. Uma ideia simples e barata, que se popularizou rapidamente, passando, nos anos 1940 e 1950, a ocupar também o interior de casas, servindo como divisória de ambientes.
Adotado pela arquitetura modernista, esse recurso passou por mutações, e foi muito usado na construção da nova capital, sendo facilmente encontrado em casas e prédios públicos do plano piloto. Nos últimos anos, o cobogó voltou com força total na decoração, podendo ser encontrado em materiais diversos, como mármore, vidro, cerâmica ou madeira, e até em peças de design.
A instalação deve ser feita por um instalador especializado, pois o espaçamento e rejuntes devem ficar perfeitos, valorizando ainda mais seu cobogó. Os cimenticios podem ser mantidos no próprio cimento ou pintados de cores vibrantes, já os esmaltados ficam belos por anos e facilitam a limpeza da peça.
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